Julia Gama, Miss Brasil 2020: “Sou desprezada por feministas”

NOVA MISS BRASIL – Personalidade: “O feminismo deve ser a ideia de que a mulher pode fazer o quiser” –Marcelo Faustini/.

Por que você abriu mão da engenharia para se aventurar pelos concursos de beleza? A minha prioridade é trabalhar com algo que faça o olho brilhar, e a engenharia simplesmente não me inspirava. Hoje, sei que estou fazendo o que é melhor para mim.

Os concursos de miss não reforçam os estereótipos de beleza, coroando com frequência mulheres muito magras? Essa é uma ideia superficial do que é um concurso. Há concursos de todos os tipos, cada um contemplando um tipo de beleza diferente: alguns são focados nos perfis clássicos de modelos, outros são destinados a mulheres plus size, há também aqueles para meninas mais jovens. Não dá para resumir dessa forma algo que, na verdade, é tão plural. Convido os críticos a conhecer melhor o meio e a diversidade nele presente.

Mas os concursos que premiam mulheres fora do “padrão” não são tão populares quanto os demais. É difícil dizer. O Miss Universo, por exemplo, é um concurso mais antigo e tradicional, enquanto os concursos plus size são recentes. A questão é de construção de marca.

Como você enxerga o movimento feminista? É irônico ser desprezada por algumas feministas apenas por participar de concursos de beleza. Não gosto de ser julgada por isso. Acredito que o feminismo seja, acima de tudo, a ideia de que a mulher pode fazer o que ela quiser. Deveria haver mais sororidade e menos julgamento entre nós.

Para que servem os concursos de beleza? Esses concursos dão visibilidade à mulher, empoderam meninas do mundo todo, permitem que as vencedoras usem sua fama para defender o que elas quiserem. De minha parte, busco zelar pela celebração da diversidade e pela tolerância — e só posso fazer isso de forma pública por ser miss.

Qual foi o último livro que você leu? Foi Intuição — O Saber Além da Lógica, do indiano Osho.

O livro O Pequeno Príncipe é conhecido por ser popular entre as candidatas a miss. Você também é fã da obra? Sim, eu li, mas antes de pensar em ser miss. Devia ter 15 anos na época. É um livro muito sensível e de verdades universais. Gosto muito. Todo mundo deveria ler.

Publicado em VEJA de 11 de novembro de 2020, edição nº 2712

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By Ellba Dark

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