Prática foi debatida no quarto dia do Innovation Tech Knowledge 2020
A teleconsulta veio para ficar. Esta é a expectativa do neurologista Jefferson Gomes Fernandes, vice-presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms). O médico foi um dos convidados do quarto dia do Innovation Tech Knowledge 2020 (ITK 2020). O evento, promovido pela Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software (Softsul), tem a saúde como tema principal desta quinta-feira (8).
Devido à pandemia do novo coronavírus, foi liberado o atendimento de pacientes à distância, por meio de recursos tecnológicos, como as videoconferências. Em meados de março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou a prática em caráter excepcional e enquanto durar a crise da Covid-19. No fim do mesmo mês, o Senado aprovou o Projeto de Lei 696/20, facultando a telemedicina durante a pandemia no Brasil. O objetivo foi desafogar hospitais e centros de saúde. “Espero que os serviços de telemedicina e telessaúde se tornem definitivos. Na minha visão, até o final do ano devemos ter uma nova regulamentação sobre o tema. Médicos que tinham receio do uso dessa tecnologia se convenceram da sua importância, assim como alguns pacientes”, revelou.
Fernandes citou como um bom exemplo da adaptação ao “novo normal” o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. O serviço de telemedicina do Einstein passou de 1,2 mil atendimentos em fevereiro para 7,9 mil em março, 16,5 mil em abril e 22,3 mil em maio – um salto de 1.758% em quatro meses. Em junho, com a estabilização da crise sanitária, foram 18,8 mil teleconsultas. O Einstein conta com programa de telemedicina desde 2012. Outra referência é a norte-americana Kaiser que, já no ano passado, oferecia a seus pacientes consultas médicas de 10 a 15 minutos através do telefone, como também, um site seguro onde os pacientes trocavam mensagens com os médicos. Neste ano, das 100 mil consultas feitas pela Kaiser, 52% foram virtuais. O neurologista, no entanto, chamou a atenção que o atendimento distante deve cumprir certos requisitos, pois casos mais graves demandam consultas presenciais.
Respondendo a uma pergunta da plateia, que acompanhou a palestra por meio de um ambiente virtual, Fernandes se mostrou otimista com o avanço do uso de assistentes virtuais que utilizam inteligência artificial na saúde. Dispositivos como o Alexia, por exemplo, podem lembrar pacientes do horário de tomar um medicamento. A tecnologia também poderá liberar os médicos de funções burocráticas que poderão ser automatizadas. “Desse modo, poderemos nos concentrar na parte mais humana do atendimento que é a assistência ao paciente”, projetou.